Imagine um computador que pesa uma tonelada, que possui sete centros de armazenamento e que é capaz de processar dados equivalentes ao total de contribuintes do Brasil, dos Estados Unidos e da Alemanha juntos.
Por mais surreal que possa parecer, essa máquina existe. Ela se chama T-Rex e pertence à Receita Federal do Brasil. E caso você se pergunte o porquê do Fisco precisar de um computador tão potente assim, a resposta é simples: para verificar a legitimidade de cada transação fiscal do país.
Criado pela IBM — gigante da tecnologia mundial — , o T-Rex tem sido utilizado pela Receita como ferramenta em seus processos de investigação tributária. Comparando as informações de cada declaração fiscal com a base de dados do próprio Fisco, esse supercomputador é o principal responsável pelas diversas iniciativas de autuação da RFB. A chamada Malha Fina — que investiga inconsistências relacionadas ao IRPF e IRPJ e é temida por muitos contribuintes — é apenas um exemplo das ações do T-Rex.
Além dele, a Receita Federal ainda conta com um software superpotente: o Harpia. Com nome igual ao da maior ave de rapina do país, o Harpia foi criado pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e pelo centro tecnológico da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas/SP) para integrar as bases de dados do Fisco com as de outros órgãos, como as secretarias municipais e estaduais da Fazenda, por exemplo.
Combinando e analisando as informações dos contribuintes, o Harpia é capaz de identificar indícios de ações fraudulentas, bem como classificá-las de acordo com o grau de periculosidade que representam.
Mas não é só isso. O Brasil também possui uma outra tecnologia surpreendente: o Hal.
Trabalhando 24 horas por dia, o Hal é nada menos que o cérebro eletrônico mais poderoso do país. E sua missão está à altura da sua potência: ele é utilizado pelo Banco Central para monitorar as transações efetuadas em cada conta bancária ativa hoje no Brasil, sejam elas vinculadas a CPFs ou a CNPJs.
Para se ter uma breve noção da sua capacidade, apenas em seus primeiros quatro dias de operação, o Hal criou 150 milhões de pastas diferentes, uma para cada correntista brasileiro; dentro dessas pastas, reuniu todas as informações relativas às contas a que se referiam. Ainda, o Hal é capaz de arquivar cerca de um milhão de operações bancárias por dia. Um feito mais do que digno de admiração.
Mas, a despeito da evolução tecnológica que representam, Hal, T-Rex e Harpia demonstram o engajamento do Fisco — e de outros órgãos — em mitigar os índices de fraudes fiscais e financeiras. E cabe dizer que a motivação para todo esse empenho não é vã: anualmente, cerca de R$ 280 milhões são sonegados pelos brasileiros. Os investimentos em tecnologia de ponta, como as citadas, são, portanto, parte de um contra-ataque astuto.
Sabemos que a busca por melhorias no sistema de fiscalização do Brasil não é de hoje. Contudo, as iniciativas atuais são inéditas, além de possuírem um caráter infalível; inquestionável.
Como se poderá, afinal, contestar o que um computador como o Hal ou o T-Rex, em toda a sua potência, aponta como ilícito? Ainda mais considerando que eles detêm registros suficientes para minar qualquer linha de argumentação que tente provar o contrário?
Um novo tempo está começando em nosso país. Um tempo em que práticas fraudulentas não terão vez. A nós, contribuintes, resta responder a uma importantíssima questão: estamos preparados?
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