Consumidores, empresas e profissionais que lidam com o mundo tributário farão plantão nesta quinta-feira à espera das medidas detalhadas da prometida reforma tributária no Rio Grande do Sul. O governador gaúcho, Eduardo Leite, vai apresentar ainda pela manhã a deputados e à imprensa a descrição do que pretende encaminhar à votação na Assembleia. Leite já havia dado as linhas gerais e conceitos na terça-feira, que gerou boa acolhida entre especialistas, mas também atiçou a expectativa sobre, afinal, como será o pacote.
“Acho que foi uma estratégia bem conduzida. O governador foi feliz em trazer a essência antes de mostrar os números”, reconheceu o diretor operacional do Fortus Group, Evanir Aguiar, citando a reação positiva de deputados de diversos partidos, incluindo da oposição, às ideias gerais da reforma, Leite falou sobre o pacote primeiro aos parlamentares, na manhã dessa terça. De tarde, foi a vez de entidades empresariais.
A redução do número de alíquotas, para duas, é vista como um caminho de simplificação, observa Aguiar, que admite preocupação com os impactos de duas situações que virão no pacote. Uma é a redução de arrecadação em R$ 2,8 bilhões por ano com o fim das alíquotas de ICMS majoradas, de 17% para 18% e de 25% para 30%, a partir de 2021, e outra é a intenção de devolver à população de baixa renda carga tributária paga a mais. O governo analisa formas de compensar, com créditos que compensem os valores.
“Alguém vai ter de arcar com esta conta e se fala em mexer em desonerações”, indica o diretor do Fortus, que considera que uma eventual remoção de incentivos terá de ter cuidados. “Na área automotiva é possível, mas em segmentos como laticínios, vai quebrar o setor”, adverte. “Minha maior dúvida é: o governador falou em estímulo ao investimento privado, não ficou claro como vai ser isso e onde incidirá”, exemplifica.
O presidente do Tax Group, Luis Alberto Buss Wulff Junior, reagiu indicando que ainda está muito vaga a proposta na questão mais técnica e disse que gostaria de ver uma uniformização de alíquotas que hoje destoam do que é o padrão em muitos estados, com em cerveja e etanol. Mas o presidente do Tax Group não tem muita esperança que haja alteração nas alíquotas locais, devido aos impactos para o caixa estadual. “O que me preocupa na reforma estadual é quanto ela vai estar alinhada aos conceitos dos projetos que tramitam no Congresso Nacional para a reforma federal”, observa Wulff, citando a esperada extinção do ICMS, com adoção do Imposto sobre valor Agregado (IVA). Mesmo que tenha uma transição de dez anos no plano nacional, o gestor do Tax Group opina que a reforma regional seria uma oportunidade para o Estado se preparar e se antecipar a mudanças futuras.
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