O conceito de “split payment” tem sido amplamente debatido no Brasil, dentro do contexto da Reforma Tributária, especialmente devido à sua capacidade de tornar o sistema de arrecadação de tributos mais eficiente, transparente e menos propenso a fraudes, conforme estima a Receita Federal. Mas,antes de entender ele na prática, é preciso compreender que o termo “split payment”…
Em linhas gerais, se trata de um mecanismo de pagamento no qual o valor de uma transação é automaticamente dividido entre o vendedor e as autoridades fiscais no momento em que ocorre o pagamento. Isso garante que os impostos sejam direcionados imediatamente ao governo, diminuindo a sonegação fiscal e promovendo uma arrecadação mais eficiente.
Inclusive, o assunto é amplamente debatido no meio tributário e, por vezes, destaca-se a sua viabilidade técnica e os avanços esperados com a reforma tributária no país.
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A implementação do split payment consiste em uma quebra de barreira no recolhimento tributário. Tradicionalmente, o processo de pagamento de impostos ocorre em um momento distinto da transação, o que abre margem para atrasos, fraudes e sonegações. Com o split payment, a parcela devida ao Fisco é automaticamente separada e enviada ao governo no momento da liquidação financeira da transação, tornando o processo mais seguro e simplificado, de acordo com a Receita Federal.
Para trazer a teoria para prática, imagine o seguinte cenário:
A implementação do split payment traz uma série de benefícios, tanto para a administração tributária quanto para os contribuintes. Entre as principais vantagens estão:
Apesar de seus benefícios, o split payment também apresenta desafios significativos, especialmente para as empresas. Um dos principais obstáculos é o impacto no fluxo de caixa. Como os tributos são retidos automaticamente, o valor disponível para o capital de giro das empresas pode ser reduzido, afetando negócios que operam com margens de lucro baixas ou que dependem de um fluxo de caixa constante.
Outro desafio é a necessidade de infraestrutura tecnológica. Para que o split payment funcione de maneira eficaz, as empresas precisam estar conectadas a uma rede de pagamento integrada que permita a divisão automática dos valores. Isso pode representar um custo inicial significativo, especialmente para pequenos empreendedores e comerciantes. Além disso, haverá uma necessidade contínua de atualização e manutenção dessa tecnologia, o que pode gerar despesas adicionais.
A introdução do split payment está sendo considerada como parte essencial da reforma tributária brasileira, que vai estabelecer um novo sistema de tributação sobre o consumo. A Emenda Constitucional nº 132, de 2023, estabelece a criação de um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) é uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), ambos com base no modelo de Imposto sobre Valor Adicionado (IVA).
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O Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, que está em tramitação no Senado, regulamenta o split payment para o recolhimento do IBS e CBS. Segundo o projeto, o tributo será retido automaticamente no momento da liquidação financeira da operação, o que promete tornar o sistema tributário mais justo e eficiente.
Questões controversas relativas ao split payment
Um dos principais pontos de preocupação com o split payment é como ele afetará o fluxo de caixa das empresas. Quando uma empresa realiza uma venda, ela normalmente recebe o valor total da transação e, posteriormente, faz o pagamento dos impostos devidos. Com o split payment, uma parte significativa do pagamento é automaticamente destinada ao governo, o que reduz o valor que entra no caixa da empresa.
Essa situação pode ser especialmente problemática para setores que dependem de um fluxo de caixa consistente, como a construção civil ou o varejo de bens duráveis, onde as vendas são frequentemente realizadas em parcelas. Para mitigar esse impacto, o PLP 68/2024 prevê que o split payment ocorrerá proporcionalmente às parcelas, de forma a evitar um esvaziamento imediato do caixa das empresas.
O conceito de split payment não é novo e já foi testado em outros países com resultados variados. Na Itália, por exemplo, o mecanismo foi implementado para combater a evasão fiscal, especialmente no setor público. O país obteve resultados positivos, com um aumento na arrecadação e uma redução significativa da sonegação.
No entanto, em outros países, como Bulgária e Romênia, a implementação não foi bem-sucedida. Nesses casos, o split payment gerou complexidades adicionais e após um período, foi abandonado.
É importante ressaltar que a realidade brasileira é diferente, especialmente devido à infraestrutura tecnológica avançada na área fiscal. O Brasil possui um sistema robusto de documentos fiscais eletrônicos e uma rede de pagamentos bem desenvolvida, incluindo o uso generalizado do PIX. Esses fatores aumentam as chances de uma implementação bem-sucedida do split payment no país.
O sucesso do split payment no Brasil depende de uma integração eficaz entre os documentos fiscais eletrônicos (DF-e) e os sistemas de pagamento. Quando uma transação ocorre, o sistema verifica automaticamente a situação tributária do vendedor e executa a divisão do pagamento, assegurando que o valor do imposto seja transferido ao governo.
Essa integração exige o uso de tecnologia inteligente, como apontado pelo secretário da Reforma Tributária, Bernard Appy. Conforme ele, em entrevista dada ao Valor Econômico, o Brasil já possui uma base tecnológica sólida, o que facilita a implementação do split payment.
Porém, para que o sistema funcione corretamente, será necessário um esforço conjunto entre o governo, instituições financeiras e empresas de tecnologia.
O split payment tem potencial para revolucionar a forma como os tributos são arrecadados no Brasil, mas é necessário equilibrar os impactos positivos e negativos para que o sistema seja bem-sucedido.
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